Fernanda Yohana Batisti
Junior Ruiz Garcia
Fonte: criada pela IA do Canva.
O trabalho é uma das atividades mais essenciais da vida humana. Não só garante a subsistência material, mas também molda nossa identidade, nossas relações sociais e a estrutura econômica. É um meio de garantir o sustento e dignidade, seja no impacto social, no crescimento intelectual ou no equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. É um dos direitos humanos fundamentais. Sendo assim, garantir que o trabalho seja digno é essencial para promover a justiça social e o bem-estar.
O trabalho formal inclui uma série de garantias legais, como jornada regulamentada e acesso a benefícios, como previdência pública, seguro-desemprego, fundo de garantia por tempo de serviços (FGTS), entre outros. Esta forma de trabalho é regida por contrato, que estabelece os direitos e deveres tanto do empregado, quanto do empregador. Além de gerar uma economia mais previsível. O trabalho formal pode proporcionar as condições de um trabalho digno.
No entanto, a desigualdade no trabalho é uma realidade que persiste. No ambiente de trabalho continua sendo um obstáculo para uma sociedade mais justa e para o bem-estar social. O “Mapa das Desigualdades na Região de Curitiba”, projeto de extensão desenvolvido pelo GEMAECO (Grupo de Estudos MacroEconomia Ecológica) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em parceria com a Kurytiba Metropole, mostra que o percentual de pessoas pretas e pardas no mercado formal, nos municípios do Núcleo Territorial Central de Curitiba (NTCC), não chega a 14% em nenhum dos municípios. Já o rendimento médio das pessoas pretas em relação às pessoas brancas no mercado formal de trabalho equivale a 83,6% para a região do NTCC, variando de 72,6% (Campo Magro) a 105,9% (Piraquara).
Por ser um problema estrutural que reflete as disparidades históricas e sociais vividas por grupos étnicos marginalizados, a população preta e parda também enfrenta taxas de desemprego mais altas, ocupa cargos de menor prestígio e menor remuneração, e têm menor acesso à educação e a oportunidades de ascensão profissional. Além disso, essa população enfrenta barreiras de acesso a posições de liderança e falta de oportunidades de desenvolvimento, mantendo um ciclo de exclusão social.
Ao avaliar a situação referente ao gênero, apesar de décadas de lutas feministas e avanço nas leis trabalhistas e sociais, as mulheres ainda enfrentam diferenças significativas no mercado de trabalho. Uma das formas mais evidentes de desigualdade no trabalho é a diferença de tratamento entre homens e mulheres, como a diferença salarial e a sub-representação em cargos de liderança, dificultando o avanço das mulheres em suas carreiras. O percentual de mulheres no mercado formal varia de 31,1% (Quatro Barras) a 55,1% (Piraquara) no Núcleo Territorial Central de Curitiba, segundo o Mapa de Desigualdades na temática Trabalho. Em Curitiba, a participação é de 48,9%.
O trabalho informal afeta muitas trabalhadoras, gerando uma série de desafios, como uma maior vulnerabilidade econômica e falta de garantias, além da dupla jornada de trabalho. Apesar do trabalho informal oferecer flexibilidade e oportunidade imediata para a obtenção de renda, acarreta também diversos problemas, como a falta de direitos trabalhistas e instabilidade financeira, podendo levar a condições de trabalho inadequadas. Em resumo, um trabalho que nem sempre é digno e inclusivo.
Essas barreiras são resultado de preconceitos estruturais e culturais, o que favorece grupos historicamente privilegiados, contribui para a concentração de renda e riqueza, intensificando a desigualdade. No entanto, a desigualdade no trabalho afeta toda a sociedade, perpetua ciclos de pobreza, exclusão social e vulnerabilidade.
Observa-se que apesar dos avanços, ainda persistem importantes desafios, refletindo nas diferenças salariais, discriminação de gênero e raça, condições de trabalho injustas e violência contra a mulher. Para reduzir as desigualdades no trabalho, promover políticas de inclusão e a igualdade de oportunidades para uma sociedade mais justa é fundamental.
Fernanda Yohana Batisti – Estudante de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Paraná.
Junior Garcia – Professor do Departamento de Economia e Coordenador do Grupo de Estudos em MacroEconomia Ecológica (GEMAECO) da Universidade Federal do Paraná.
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