Marcus Eduardo de Oliveira (*), Junior Garcia (**) e José Eustáquio Diniz Alves (***)
Publicado em Envolverde , 5 outubro de 2022.
A história humana é marcada pelo enfrentamento do desafio da sobrevivência, individual e coletiva. Talvez esse seja o principal desafio que rege a vida, isso porque, sem a garantia de acesso aos meios da sobrevivência, não podemos exercer a cidadania. A garantia desses meios talvez seja também o principal elemento que contribui para levarmos a cabo as transformações tecnológicas e sociais, necessárias para uma sociedade mais justa e sustentável. Contudo, por muito tempo, a intervenção humana em nosso meio ambiente foi pequena. No máximo, essa intervenção comprometeu a capacidade de suporte local dos ecossistemas, como o esgotamento dos solos agrícolas, água e madeira. Essa situação implicava no deslocamento das sociedades, mas em um mundo vazio, isso não era um grave problema, salvo exceções. O exemplo mais notório é a sociedade da Ilha de Pascoa, na costa do Chile, cujo esgotamento dos recursos levou ao seu colapso social.
Assim, a história humana foi condicionada pela busca pela garantia de acesso aos meios necessários para a sobrevivência. Essa condicionalidade foi rompida com o surgimento da produção em massa ou larga escala, viabilizada pela Revolução Industrial e Energética do final do século XVIII. Esse acontecimento histórico promoveu uma mudança radical na sociedade, particularmente no que se refere à garantia dos meios necessários para a sobrevivência e de intervenção no meio ambiente. Em pouco tempo, na escala geológica, a sociedade conseguiu resolver esse problema básico, apesar das desigualdades e dos custos sociais e ambientais. No século XXI, em sentido amplo, o problema não é o da disponibilidade dos meios necessários à sobrevivência humana, mas de acesso, isso porque o subsistema socioeconômico de distribuição é excludente.